A última pessoa que sabia falar uma das línguas mais antigas do mundo morreu nas Ilhas Andaman, no sudeste asiático. Trata-se de uma mulher, Boa Sr, que tinha 85 anos.
As ilhas, situadas no Golfo de Bengala, são governadas pela Índia. Boa Sr pertencia à pequena comunidade dos grande andamanenses, um dos quatro grupos étnicos que habitam as ilhas.
A língua bo - falada pela tribo do mesmo nome, hoje extinta - é uma entre dez línguas faladas pelos grande andamaneses, e teria por volta de 65 mil anos.
Linguistas acreditam que esses idiomas já eram falados em assentamentos humanos existentes na região durante o período Pré-Neolítico. Alguns podem ter se originado na África há 70 mil anos.
Solidão - A especialista indiana em linguística Anvita Abbi disse à BBC que a morte de Boa Sr é significativa porque marca a extinção de uma das línguas mais antigas do mundo.
A humanidade acaba de perder um elo vivo que a conectava a culturas que existiram há 70 mil anos.
Abbi - que administra o site Vanishing Voices of the Great Andamanese (Voga), dedicado às tribos grande andamanesas, disse:
"Durante 30 ou 40 anos, após a morte dos seus pais, Boa foi a única pessoa capaz de falar a língua bo".
"Ela sentia muita solidão e teve de aprender uma versão andamanesa do hindi (idioma falado por 70% dos indianos) de forma a se comunicar com as pessoas.
As ilhas, situadas no Golfo de Bengala, são governadas pela Índia. Boa Sr pertencia à pequena comunidade dos grande andamanenses, um dos quatro grupos étnicos que habitam as ilhas.
A língua bo - falada pela tribo do mesmo nome, hoje extinta - é uma entre dez línguas faladas pelos grande andamaneses, e teria por volta de 65 mil anos.
Linguistas acreditam que esses idiomas já eram falados em assentamentos humanos existentes na região durante o período Pré-Neolítico. Alguns podem ter se originado na África há 70 mil anos.
Solidão - A especialista indiana em linguística Anvita Abbi disse à BBC que a morte de Boa Sr é significativa porque marca a extinção de uma das línguas mais antigas do mundo.
A humanidade acaba de perder um elo vivo que a conectava a culturas que existiram há 70 mil anos.
Abbi - que administra o site Vanishing Voices of the Great Andamanese (Voga), dedicado às tribos grande andamanesas, disse:
"Durante 30 ou 40 anos, após a morte dos seus pais, Boa foi a única pessoa capaz de falar a língua bo".
"Ela sentia muita solidão e teve de aprender uma versão andamanesa do hindi (idioma falado por 70% dos indianos) de forma a se comunicar com as pessoas.
"Mas durante toda a sua vida, ela sempre demonstrou um grande senso de humor. Seu sorriso e sua risada, que ressoava na garganta, eram contagiantes".
Para Abbi, a morte de Boa Sr é uma perda para intelectuais que querem estudar as origens de línguas antigas, porque uma importante peça do quebra-cabeças desapareceu.
"Acredita-se que os idiomas andamaneses sejam os últimos representantes de línguas que datam do período Pré-Neolítico", ela disse.
"Os andamaneses, pelo que se acredita, estariam entre os nossos mais antigos ancestrais".
Doenças Importadas - Segundo especialistas, nos últimos três meses, duas línguas faladas nas Ilhas Andaman se tornaram extintas, o que traz grande preocupação.
Os acadêmicos dividiram as tribos que habitam as ilhas em quatro grandes grupos: os grande andamaneses, os jarawa, os onge e os sentineleses.
Abbi disse que todos, à exceção da tribo sentinelese, estiveram em contato com moradores do continente, o que resultou em mortes e "doenças importadas".
Os grande andamaneses são cerca de 50 (na maioria, crianças) e vivem na ilha Strait, perto da capital, Port Blair.
O grupo jarawa tem cerca de 250 integrantes e a comunidade onge - acredita-se - teria também algumas centenas de pessoas.
"Não houve contato humano com os sentineleses e até o momento eles resistem a todas as intervenções externas", disse Abbi.
Mas é o futuro dos povos grande andamaneses que mais preocupa os especialistas, porque as tribos dependem do governo indiano para obter alimentos e abrigo. Problemas com álcool são uma constante.
A história de Boa Sr também foi tema de uma campanha da ONG de proteção aos povos da floresta Survival International.
"A extinção da língua Bo significa que uma parte única da sociedade humana é hoje apenas uma lembrança", disse o diretor da entidade, Stephen Corry.
Para Abbi, a morte de Boa Sr é uma perda para intelectuais que querem estudar as origens de línguas antigas, porque uma importante peça do quebra-cabeças desapareceu.
"Acredita-se que os idiomas andamaneses sejam os últimos representantes de línguas que datam do período Pré-Neolítico", ela disse.
"Os andamaneses, pelo que se acredita, estariam entre os nossos mais antigos ancestrais".
Doenças Importadas - Segundo especialistas, nos últimos três meses, duas línguas faladas nas Ilhas Andaman se tornaram extintas, o que traz grande preocupação.
Os acadêmicos dividiram as tribos que habitam as ilhas em quatro grandes grupos: os grande andamaneses, os jarawa, os onge e os sentineleses.
Abbi disse que todos, à exceção da tribo sentinelese, estiveram em contato com moradores do continente, o que resultou em mortes e "doenças importadas".
Os grande andamaneses são cerca de 50 (na maioria, crianças) e vivem na ilha Strait, perto da capital, Port Blair.
O grupo jarawa tem cerca de 250 integrantes e a comunidade onge - acredita-se - teria também algumas centenas de pessoas.
"Não houve contato humano com os sentineleses e até o momento eles resistem a todas as intervenções externas", disse Abbi.
Mas é o futuro dos povos grande andamaneses que mais preocupa os especialistas, porque as tribos dependem do governo indiano para obter alimentos e abrigo. Problemas com álcool são uma constante.
A história de Boa Sr também foi tema de uma campanha da ONG de proteção aos povos da floresta Survival International.
"A extinção da língua Bo significa que uma parte única da sociedade humana é hoje apenas uma lembrança", disse o diretor da entidade, Stephen Corry.
Fonte: BBC Brasil - por Alastair Lawson
Um comentário:
marcosloku (via Multiply) wrote on Feb 12
Uma pena, Sílvio! Gosto de ler sobre religiões! ABs, Marcos
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