sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Atenção - Alguém está observando você

Dedico aos componentes de órgãos musicais das Igrejas
Publicado no Lifenews de agosto/2005

ALGUÉM ESTÁ OBSERVANDO VOCÊ

“Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia...” Hebreus 12.1

Nunca estamos sós. Há sempre uma envolvente nuvem de testemunhas que nos observa, aprovando ou repudiando nosso comportamento e conseqüentemente, glorificando ou blasfemando o Nome de Deus, elogiando ou criticando o Evangelho, nossa Igreja e o nosso grupo musical, por nossas atitudes.

Poderíamos enumerar pelo menos cinco diferentes classes dessa nuvem ao nosso redor:

A primeira delas é a nossa própria família! Nossos familiares são os que podem da melhor maneira testemunhar de nossa conduta.
Não adianta ter a carinha de anjo no Coral e ser um(a) rabugento(a) desobediente e respondão aos pais em seu lar. Você pode falar em línguas por aqui e ter uma “boca suja” em casa. Se eu perguntasse aos seus familiares quem você é, o que diriam seus pais e irmãos?

Posso afirmar que o segundo tipo de nuvem são seus vizinhos e colegas de escola e do trabalho. A sociedade na qual você vive.

Será que entre os que lhe rodeiam diariamente, você pode testemunhar de Jesus sem temor ou será que compartilha com eles de jogos, revistas pornográficas, músicas profanas, palavreado indecente e até mesmo outras práticas mundanas? Você é um crente invisível ou Jesus aparece em você? Sua roupa, seu semblante e suas palavras também dizem de onde você é (Mt 26.73)? Você pode representar sua Igreja e o seu coral onde vive?

A terceira classe é a Igreja. Os irmãos da Congregação, os colegas do Coral, enfim, seus dirigentes podem dar testemunho de você? És obediente, dedicado ou és uma pessoa de difícil convivência e que dá um grande trabalho a todos? resmungas ou incentivas? amas teus colegas e és amado(a) por eles? O que diríamos de você?

A quarta nuvem é espiritual. Os anjos do Senhor estão sempre a nos observar e sua função é nos servir e guardar sob ordens de Deus. Eles vibram quando resistimos às tentações e devem ofender-se quando estamos em local ou atitudes onde, por sua santidade, não podem permanecer. Será que você, querido componente, é conhecido no céu? O que testemunham os anjos ao teu respeito?

A última destas nuvens é tenebrosa. Satanás e os demônios estão em derredor e nos tentam constantemente. Quando erramos, eles vão diante de Deus e nos acusam, sorriem de nós e escarnecem de nossa condição. Como você é conhecido no inferno? Está colaborando com as trevas ou é um inimigo ferrenho do mal? O apóstolo São Paulo tinha uma maravilhosa fama entre os demônios (At. 19.15)!

Lembre-se de que, como Coral, dedicados à glória de Deus e ao bom nível musical, somos também muito observados. Meditemos nessa mensagem e a coloquemos em prática pois sei que a Palavra de Deus não voltará vazia, mas prosperará naquilo para que está sendo enviada.

Silvio Araujo

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Martinho Lutero e a música - Entrevista

"É uma aberração cantar os mesmos cânticos em todas as celebrações"

Repórter – Parece-me que o doutor toca alaúde...
Lutero – Toco alaúde há muitos anos. Aprendi sem professor, enquanto me recuperava de uns ferimentos. É um instrumento muito antigo. Surgiu na Mesopotâmia, lá pelo ano 2.000 a.C. Os levitas do templo de Jerusalém tocavam alaúde. Dizem que ele chegou à Europa durante as Cruzadas ou quando da conquista da Espanha pelos mouros. Tornou-se um instrumento musical muito popular hoje em dia. Existem dois ou três modelos diferentes. A caixa de ressonância tem formato de pêra. O meu tem seis pares de cordas. Com a mão direita eu dedilho e com a mão esquerda retenho as cordas.

Repórter – O doutor conhece música?
Lutero – Eu cresci cercado de música. Na infância cantava os hinos dos mineiros, pois meu pai trabalhava numa mina de carvão. Era um menino cantor na escola de Mansfeld, lá pelo ano de 1488. Continuei a cantar no coro da igreja quando fui estudar, primeiro em Magdeburgo e depois em Eisenach. Na Universidade de Erfurt, além de gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria e astronomia, estudei música. Estas são as sete artes liberais. Quando fui para o Convento de Santo Agostinho, em 1505, com 22 anos, aprendi o canto gregoriano. Cantava a voz masculina mais aguda, o tenor.

Repórter – O que o doutor chama de canto gregoriano?
Lutero – É o canto litúrgico introduzido pelo papa Gregório I, aquele homem extraordinário que se dizia servus servorum Dei (servo dos servos de Deus) e que foi papa de 590 a 604. Herdeiro de uma grande fortuna e ex-prefeito de Roma, decidiu-se pela vida monástica aos 35 anos e transformou suas propriedades em monastérios. Foi eleito papa a contragosto aos 50 anos e assentou-se na cadeira de Pedro de 590 a 604, quando morreu.

Repórter – Dizem que o doutor é o “Ambrósio da Reforma”.
Lutero – Nunca ouvi falar isso. Todavia, talvez seja por causa de meu apego à música sacra. Ambrósio era bispo de Milão e nasceu 200 anos antes de Gregório. Ele compôs vários hinos, inclusive o famoso Te Deum, que cantamos até hoje. Foi ele quem batizou Agostinho no ano de 387.

Repórter – Também já li não sei onde que o doutor foi chamado de “O rouxinol de Wittenberg”.
Lutero – Foi Hans Sachs, de Nuremberg, que me deu esse honroso título. Se eu sou o rouxinol de Wittenberg, ele é o rouxinol de Nuremberg, quiçá de toda a Alemanha. Sachs, 11 anos mais novo do que eu, tem sido chamado de “o príncipe e patriarca dos mestres-cantores”. É um profícuo autor de hinos, poemas e peças.

Repórter – O cântico é importante no culto?
Lutero – De suma importância. Desde os tempos de Moisés (Êx 15.1,2; Dt 31.19) e de Davi (1 Cr 6.31). Basta ler o salmo 100: “Prestem culto ao Senhor com alegria; entrem na sua presença com cânticos alegres”. A longa reunião de Jesus com os discípulos no cenáculo, na véspera da morte do Senhor, só terminou com o cântico de um hino (Mt 26.30). Não existe culto sem cânticos.

Repórter – O doutor acabou de mencionar “cânticos alegres”.
Lutero – Você sabe qual é o meu cântico predileto? É o mais antigo hino sacro alemão, conhecido desde o século 13. Chama-se Christ ist erstanden (Cristo ressuscitou). Gosto dele porque, ao contrário dos demais hinos pascais medievais, não fica descrevendo os tormentos de Cristo, mas a centralidade de sua ressurreição. Em cima desse hino e de outro, o Victimae paschali laudes immolent Christiani (Os cristãos ofereçam hinos à vítima pascal), compus o Christ lag in Todesbanden (Cristo estava preso nas amarras da morte), no qual consegui infundir toda a alegria e júbilo que brotam da ressurreição. A primeira estrofe diz: “Cristo estava preso nas amarras da morte, / Entregue por nosso pecado. / Ele ressurgiu novamente / E nos trouxe a vida. / Regozijemo-nos por isso, / Louvemos e demos graças a Deus / E cantemos aleluia”.

Repórter – Canta-se muito aqui em Wittenberg?
Lutero – Em nossos cultos aos domingos e nos dias de semana, nas reuniões matinais e vespertinas, eu entremeio o cântico com as leituras do Antigo e do Novo Testamento, com as orações, com a confissão, com o sermão etc.

Repórter – Há alguma parte do culto a qual o doutor empresta maior relevância?
Lutero – Na minha opinião, em todo o culto, o elemento mais importante é a pregação e o ensino da Palavra de Deus.1 Para reforçar essa ênfase bíblica, transformei em hino os dez mandamentos da lei de Deus. Cantamo-lo pela primeira vez na Quaresma de 1525. O cântico tem 12 estrofes. Na sétima estrofe entoamos: “O matrimônio – escuta bem! / Será santíssimo, e também / A vida casta deve ser, / Disciplinando o viver”. Na décima, enfatizamos: “Proibido estás de cobiçar / Do próximo a mulher e o lar. / O bem que quer teu coração / Também farás a teu irmão”.

Repórter – A igreja canta em latim ou em alemão?
Lutero – Até então cantávamos só em latim. Hoje cantamos em latim e em alemão. Os hinos mais antigos geralmente entoamos em latim. Por exemplo: o Magnificat (o cântico de Maria), o Benedictus (o cântico de Zacarias), o Te Deum laudamus (Senhor, louvamos-te), o Sanctus (baseado no capítulo 6 de Isaías), o Agnus Dei (Cordeiro de Deus), o Quicumque vult salvus esse (Quem quiser salvar-se...) etc. Tenho traduzido alguns hinos latinos para o alemão. É o caso do De profundis (Das profundezas), do Ut timearis (Que sejas temido), Media vita in morte sumus (Em meio à vida, estamos envolvidos pela morte) etc. Não abro mão totalmente dos hinos em latim por amor à juventude, pois desejo que os jovens cresçam aprendendo o latim.

Repórter – Existem hinos em alemão em número suficiente?
Lutero – Essa é a nossa grande luta. O desafio é enorme. Não estou encontrando muita gente capaz de produzir novas letras e novas melodias. Precisamos evitar a rotina. É uma aberração cantar os mesmos cânticos em todas as celebrações.2 Os sapatos novos, quando ficam velhos e começam a apertar, não mais usamos; jogamos fora e compramos outros.3 É preciso que haja cantos em alemão suficientes para diferentes ocasiões, como Natal, Páscoa, Pentecostes, São Miguel, Purificação etc.

Repórter – O livro de Salmos insiste nisso: “Cantem ao Senhor um novo cântico, pois Ele fez coisas maravilhosas” (Sl 98.1).
Lutero – Para que os não-cristãos se tornem cristãos precisamos fazer muita coisa. A gente simples, a juventude deve ser treinada e educada diariamente na Palavra de Deus, para se habituar com as Escrituras, para saber manuseá-las, para ser versada e instruída nelas, para defender sua fé e, com o tempo, ensinar os outros e contribuir para o avanço do reino de Cristo. Por causa dessas pessoas é preciso ler, cantar, pregar e compor hinos.4

Repórter – Fui informado de que o doutor escreveu 137 hinos.
Lutero – Não é verdade. O pessoal sempre exagera. Compus apenas 36 cânticos. Assim mesmo só dez são inteiramente originais. Os exagerados tinham a intenção de me comparar com Davi, que deve ter escrito — quem sabe — 137 dos 150 salmos. Quase todas as minhas composições foram produzidas em 1524. A primeira foi em agosto de 1523, um mês depois do trágico acontecimento que serviu de inspiração. Trata-se do Ein hübsch Lied von den zwei Märtyrern Christi, zu Brüssel von den Sophisten zu Löwen verbrandt (Um belo hino dos dois mártires de Cristo, queimados em Bruxelas pelos sofistas de Lovaina). O hino tem dez estrofes e conta a morte de dois monges agostinianos do Convento da Antuérpia que abraçaram a Reforma. Eles foram lançados à fogueira na praça do mercado de Bruxelas no dia 1º de julho de 1523. Chamavam-se Henrique Voes e João von Eschen. Já na primeira estrofe entro diretamente no assunto: “Um canto novo vou entoar, / Que Deus nos dê sua graça; / Dos feitos dele vou cantar, / Que em sua glória o faça! / Bruxelas foi que o presenciou: / Por meio de dois moços / O seu poder ali mostrou, / Que com seus dons divinos / Dotou ricamente”.

Repórter – Foi o doutor que escreveu o hino fúnebre Nun lasset uns den Leib begraben (Sepultemos agora o corpo)?
Lutero – Esse hino leva o meu nome, embora não seja meu. O equívoco precisa ser corrigido, não porque eu o rejeite, uma vez que me agrada muito. O verdadeiro autor é João Weis.

Repórter – Alguém me disse que o doutor modificou a letra de um hino de duzentos anos atrás, ao traduzi-lo para o alemão.
Lutero – Deve ser aquele ao qual dei o título de Gott der Vater wohn uns bei (Deus, o Pai, seja conosco). De fato, onde estava Santa Maria ou Virgem Maria, eu coloquei o nome de Deus. Estava escrito: “Santa Maria, socorre-nos / Se tivermos que morrer. / Livra-nos de todos os pecados / E não nos deixes perecer.” Modifiquei para: “Deus e Pai, sejas conosco / E não nos deixes perecer! / Livra-nos de todos os pecados / E concede-nos uma morte bem-aventurada!”

Repórter – Também ouvi falar que o papa está mais irritado com seus hinos do que com as 95 teses que o doutor afixou à porte da igreja do Castelo em 1517.
Lutero – Deus permita que a nossa hinologia redunde em grande prejuízo ao papa romano, que não faz senão causar choro, pesar e sofrimento em todo mundo por meio de suas malditas, insuportáveis e execráveis leis. Amém.5

Repórter – Aquela ilustração dos sapatos velhos que o doutor citou há pouco, me deixou com a pulga atrás da orelha. O doutor jogou fora os hinos tradicionais?
Lutero – Claro que não. Não abominei o canto medieval nem a música latina. Como jogaria fora o meu mais querido hino de Natal, o Jesu nate in Bethlehem (Ó Jesus, nascido em Belém), o adorável Komm, Heiliger Geist, Herre Gott (Vem, Espírito Santo, Senhor Deus), o famoso Agnus Dei (Cordeiro de Deus) e o já citado Christ ist erstanden (Cristo ressuscitou)? Meu esforço é duplo: reter o que é bom e antigo e valorizar o que é novo. Às vezes há muita coisa podre e fria na música tradicional, e muita coisa carnal nas modernas canções de amor. Afinal, não queremos que o espírito dos fiéis morra de tédio na igreja.6 Precisamos de escolher o melhor e tomar cuidado com o excesso tanto da repetição como da variedade e quantidade de cânticos. Valorizo muito a música contemporânea. Sou fã do compositor Ludovico Senfl, cantor da capela palatina do imperador Maximiniano e principal mestre de canto polifônico alemão. Tenho dito que ele é um músico ornatum et donatum a Deo meo, isto é, ornado e agraciado pelo meu Deus.

Repórter – Já existe um hinário a serviço da igreja?
Lutero – A princípio distribuíamos os hinos em folhas avulsas. Seu uso, porém, cedo requereu a junção de todas as folhas. Daí surgiu o Pequeno Hinário Espiritual, em 1524, com 32 hinos alemães e cinco latinos. O hinário continha letra e música, para forçar o povo a aprender música. Creio que se Davi ressuscitasse dos mortos, ficaria admirado de quão longe chegaram as pessoas com a música.

Repórter – O seu notável Ein feste Burg ist unser Gott (Castelo forte é o nosso Deus) está no hinário de 1524?
Lutero – Não. Aparece na edição de 1528. Escrevi esse hino, cujo título em latim é Deus noster refugium et virtus, inspirado na convicção do salmista de que “Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade” (Sl 46.1). Em seu poema, o salmista declara: “Não temeremos ainda que a terra trema e os montes afundem no coração do mar”. E no meu cântico eu reafirmo: “Ainda que este mundo, repleto de demônios, ameace destruir-nos, não temeremos, pois Deus quer que a sua verdade triunfe por meio de nós”. A letra e a música desse hino têm tido uma boa aceitação.

Lutero e a música Revista Ultimato, Ed. 296

Notas
1.Martinho Lutero — Obras Selecionadas. vol. 7. p. 182 e 176.
2.Idem. p. 302.
3.Idem. p. 205.
4.Idem. p. 160 e 171.
5.Idem. p. 178.
6.Idem. p. 482.

Bibliografia
HORTA, Luiz Paulo (ed.). Dicionário de Música. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1985.
LESSA, Vicente Themudo. Lutero. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1960.
Martinho Lutero — Obras Selecionadas. v. 7. São Leopoldo/Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 2000.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Uma história interessante!

Possivelmente você já ouviu ao menos falar sobre os três tenores. O italiano Luciano Pavarotti, os espanhóis Plácido Domingo e José Carreras. É possível mesmo que os tenha assistido pela TV, abrilhantando eventos como a Copa do Mundo de futebol.

O que talvez você não saiba é que Plácido Domingo é madrileno e José Carreras é catalão. E há uma grande rivalidade entre madrilenos e catalães. Plácido e Carreras não fugiram à regra. Em 1984, por questões políticas, tornaram-se inimigos.

Sempre muito requisitados em todo o mundo, ambos faziam constar em seus contratos que só se apresentariam se o desafeto não fosse convidado.

Em 1987, Carreras ganhou um inimigo mais implacável que Plácido Domingo. Foi surpreendido por um terrível diagnóstico de leucemia. Submeteu-se a vários tratamentos, como auto-transplante de medula óssea e trocas de sangue. Por isso, era obrigado a viajar mensalmente aos Estados Unidos.

Claro que sem condições para trabalhar, e com o alto custo das viagens e do tratamento, logo sua razoável fortuna acabou.

Sem condições financeiras para prosseguir o tratamento, Carreras tomou conhecimento de uma instituição em Madrid, denominada Fundación Hermosa. Fora criada com a finalidade única de apoiar a recuperação de leucêmicos. Graças ao apoio dessa fundação, ele venceu a doença. E voltou a cantar.

Tornando a receber altos cachês, tratou de se associar à fundação. Foi então que, lendo os estatutos, descobriu que o fundador, maior colaborador e presidente era Plácido Domingo. Mais do que isso. Descobriu que a fundação fora criada, em princípio, para atender a ele, Carreras. E que Plácido se mantinha no anonimato para não o constranger por ter que aceitar auxílio de um inimigo.

Momento extraordinário, e muito comovente aconteceu durante uma apresentação de Plácido, em Madrid. De forma imprevista, Carreras interrompeu o evento e se ajoelhou a seus pés. Pediu-lhe desculpas. Depois, publicamente lhe agradeceu o benefício de seu restabelecimento.

Mais tarde, quando concedia uma entrevista na capital espanhola, uma repórter perguntou a Plácido Domingo por que ele criara a Fundación Hermosa. Afinal, além de beneficiar um inimigo, ele concedera a oportunidade de reviver a um dos poucos artistas que poderiam lhe fazer alguma concorrência.

A resposta de Plácido Domingo foi curta e definitiva: "porque uma voz como essa não se podia perder."

Fonte

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Ainda sou do Tempo...

Há alguns anos lí esse artigo, escrito pelo Pr Wagner Antonio de Araújo, pastor da Igreja Batista Boas Novas, Osasco/SP, e publiquei num informativo que tínhamos no Coro Jovem Life, o Lifenews. O assunto é sério e atual, e desejo compartilhar com todos vocês.
Lembremo-nos do que a Bíblia diz em 2º Timóteo 3:13-15
Mas os homens maus e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus
.

Ainda sou do tempo em que ser crente era motivo de críticas e perseguições. Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes, analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras. Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade, e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e à salvação. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que os crentes não tinham imagens em suas casas, em seus carros ou como adereços de seus corpos. Nós não tatuávamos os nossos corpos e nem colocávamos "piercings" em nossa pele. Críamos que os nossos corpos eram sacrifícios ao Senhor, e que não nos era lícito maculá-los com os sinais de um mundo decadente, um deus mundano e uma cultura corrompida. Dizíamos que tatuar o corpo era pecado. Não tínhamos objetos de culto em nossas igrejas. Aliás, esse era um de nossos diferenciais: nós éramos aqueles que não admitiam imagens em lugar algum. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que pornografia era pecado. Nós não considerávamos fotos eróticas ou filmes pornô um "trabalho profissional", mas uma prostituição do próprio corpo e uma corrupção moral. Ao nos convertermos, convertíamos também os nossos olhos, e abandonávamos as revistas pornográficas, os cinemas de prostituição e os teatros corrompidos. Os que eram adúlteros se arrependiam e pagavam o preço do que fizeram, e começavam vida nova. Os promíscuos mudavam seu comportamento e tornavam-se santos em todo o seu procedimento. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que foi decente. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto. Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais, e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações, como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente, com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa "roupa de culto", "roupa de igreja". Mesmo pobres, tínhamos o melhor para Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas, um sapato melhor conservado, um blaizer ou uma blusa bem alinhada. As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação. Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram simples e evangelísticas: "foi na cruz, foi na cruz", "andam procurando a razão de viver"; "Porque Ele vive, posso crer no amanhã", "Feliz serás, jamais verás tua vida em pranto se findar", "O Senhor da ceifa está chamando"; "Jesus, Senhor, me achego a ti", "Santo Espírito, enche a minha vida", "Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias e me libertou", etc. Não copiávamos os "hits" estrangeiros, ou as danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene. E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos que o louvor era "dançante"; as danças deixamos em nossas velhas vidas mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade. As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os adventistas tinham uma fé estranha, numa profetiza semi-contemporânea, mas tinham os melhores quartetos masculinos; os melhores solistas eram batistas, etc. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos personalidade. Hoje tudo é diferente.

E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de 80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a chamada Igreja Evangélica se deteriorou! Hoje eu sinto vergonha de ser considerado evangélico!

Hoje é moda ser crente, ou melhor, "gospel". Você é artista pornô, mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão, mas é crente. Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores "viram crentes" pra vender seus cds encalhados, pois o "povo de Deus" compra qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf, uma cama de motel ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas um detalhe, uma simples nomenclatura religiosa.

Hoje os crentes tatuam as suas peles, mesmo sabendo que a Bíblia condena o uso de símbolos e marcas no corpo de quem se consagra a Deus. Criamos nossos próprios símbolos, nossos próprios estigmas e nossas próprias tribos. Hoje há denominações que dão opções de símbolos para que seus jovens se tatuem. O "piercing" deixou de ser pecado, e passou a ser "fashion", e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos e "levitas" das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruindo, assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem seus cabelos de laranja, e mocinhas destróem seus rostos com produtos, pois agora todo mundo faz, e "Deus não olha a aparência". (Ainda bem, pois se olhasse, teria ânsia de vômito...)

Hoje ir à igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não há mais cuidado algum no trajo cultuante. Rapazes vão de bermudas, calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque Deus não é "bitolado, babaca ou retrógrado". Garotas usam suas minissaias dos "rebeldes" e exibem umbigos cheios de "piercings", estrelinhas e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto, seja jovem, seja velho, ou é "novo convertido", ou é "beato". É típico encontrarmos pastores dizendo aos "engravatados": "pra que isso, irmão? Vai fazer exame laboratorial?" E, continuamente, vão demolindo qualquer alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto.

Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por um amontoado de "glórias", "aleluias", "no trono", "te exaltamos", "o teu poder", etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e, quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é o caminho, a verdade e a vida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele.

Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual. O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a seqüência de eventos, os rituais emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições ou de megassonhos "de Deus" (como se Deus precisasse sonhar, como se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem aonde fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais, não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo é a mesma coisa: uma hora e meia de "louvor", meia hora de "ofertas" e quinze minutos de "pregação", ou meia hora de "palavra profética e apostólica". Que desgraça!

Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta ainda?

Nossas Bíblias, para serem boas, têm que ser do "Pastor fulano", com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos Bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E, mesmo tendo essas bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso em casa, sal grosso para purificar, arruda para encantar, folhas de oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origens idólatras! Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os terríveis fundamentalistas, que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rir sem parar ou grunir como animais.

Meu Deus, o que será daqui há alguns anos? Será que teremos que inventar um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista, assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem, pastores que pastoreiem, louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados a usar "piercing" para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema religioso?

É CLARO QUE HÁ EXCEÇÕES! E eu bendigo a Deus porque tenho lutado para ser uma dessas exceções. É claro que o meu querido leitor, pastor, louvador, membro de igreja, missionário, também tem buscado ser exceção. Mas eu não podia deixar de denunciar essa bagunça toda, esse frenesi maligno, esse fogo estranho no altar de Deus! Quando vejo colegas cuspindo no povo, para abençoá-los, quando vejo pastores dizendo ao Espírito Santo "pega! pega! pega!", como se fosse um cachorrinho, quando vejo pastores arrancando miúdos de boi da barriga dos incautos doentes que a eles se submetem, quando vejo um evangelho podre arrastando milhões, quando vejo colegas cobrando dez mil reais mais o hotel, ou metade da oferta da noite, para pregar o evangelho, então eu me humilho diante de Deus, e digo: "Senhor, me proteje, não me deixa ser assim!"

Que Deus tenha piedade de nós.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Círculo de Oração perde sua fundadora

Passou a estar com o Senhor na noite desta quinta-feira, 14/08/2008, a irmã Albertina Barreto, pioneira das Assembléias de Deus em Pernambuco e fundadora dos Círculos de Oração, trabalho que hoje ultrapassou barreiras geográficas e denominacionais e que acontece em quase todas as igrejas pentecostais.

Aos 94 anos, estava enferma, porém muitíssimo lúcida e ainda ativa nos trabalhos. Deixa-nos um legado de dedicação à Obra e uma grande lacuna na Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Pernambuco.

O sepultamento aconteceu hoje, 15/08/2008, por volta do meio-dia, no Cemitério de Santo Amaro, Recife/PE, e apesar da divulgação escassa e do pouco tempo para os preparativos, vimos a presença de muitos irmãos, dirigentes e componentes de círculos de oração, companheiras de trabalho da irmã Albertina, pastores, autoridades civis e uma caravana de João Pessoa/PB.

Leia um breve relato da história dos Círculos de Oração publicado no "Mensageiro da Paz" em 2006, trabalho iniciado em 06 de Março de1942, pela irmão Albertina Barreto na Congregação de Casa Amarela:


O CÍRCULO DE ORAÇÃO

A chave da vitória na vida do crente está na oração. Por isso, o Círculo de Oração, um dos ministérios mais importantes da Assembléia de Deus, é adotado em todas as Assembléia de Deus no Brasil e em outros países, como Estados Unidos, Japão e Argentina. O trabalho fundado pela pernambucana Albertina Bezerra Barreto, 92 anos, é um marco na história das Assembléia de Deus no Brasil.
Convertida aos 13 anos, irmã Albertina não imaginava que através da vida de sua filha o Senhor colocaria em suas mãos um trabalho tão importante. A filha Zuleide nasceu com uma deficiência que a impedia de andar. Durante sete anos, ela recorreu aos melhores médicos em Recife e João Pessoa (PB). A procura de nada adiantava, pois os especialistas davam apenas um diagnóstico: a menina não viveria até os oito anos.
No entanto, o que aqueles médicos não sabiam era que irmã Albertina conhecia o Médico dos médicos, o Senhor Jesus. Durante um culto de domingo, ela foi tocada pelo Espírito Santo a convidar algumas irmãs da igreja para ajudá-la em oração. Sete delas se propuseram a ajudar e o primeiro encontro aconteceu na quinta-feira seguinte. Naquele momento, dia seis de março de 1942, nascia o Círculo de Oração.
O nome foi escolhido a partir de um folheto que a irmã Albertina havia lido onde dizia, ilustrativamente, que a oração era como um círculo nos Céus. "Enquanto orávamos, lembrei-me dessa mensagem e disse: 'Vamos circular os céus com as nossas orações'. E isso aconteceu, não só em Recife, mas em todo o Brasil", alegra-se irmã Albertina.
O trabalho passou a ser conhecido e a cada semana aumentava o número de pessoas na congregação do bairro Casa Amarela. Irmã Albertina conta que, por muitas vezes, não conseguiam terminar o trabalho, tamanha era a alegria e a presença do Senhor naquele lugar. "As reuniões eram tão alegres que começávamos às sete horas da manhã e terminávamos às cinco da tarde. A gente não tinha vontade de sair de dentro da igreja", atesta.
O propósito inicial era fazer uma trabalho de oração buscando a cura da filha Zuleide. Irmã Albertina conta que não imaginava que aquela primeira reunião de oração se transformasse no que é hoje. Ela relembra o que o Senhor lhe falou naquele dia: "Era isso que eu queria que tu fizesses, era isso que exigia de ti.
Porque através de sua filha vou fazer uma grande obra. É tão grande que não imaginas", repete irmã Albertina, reiterando que a menina a qual os médicos sentenciaram que só viveria até os oito anos viveu até os 49. "O meu pensamento era que Jesus ia curar a menina e o trabalho terminaria ali. Mas o Senhor orientou-nos, cumpriu suas promessas e abençoou nossas vidas. E se Deus não tivesse abençoado, e se não fosse da sua vontade, o Círculo de Oração não existiria até hoje", declara.

FRUTOS DA ORAÇÃO

Depois da abertura do trabalho no bairro de Casa Amarela, irmã Albertina e seu esposo, Florismundo Montenegro Barreto (falecido em fevereiro de 1995) foram para João Pessoa. Ali também ela iniciou o trabalho e durante 14 anos foi diretora do Círculo de Oração na capital paraibana, além de ter sido convidada para abrir os trabalhos em Belo Horizonte, Salvador e muitas igrejas no exterior. "Agradeço a Deus por ter me escolhido para ser fundadora do Círculo de Oração. Poderia ter sido qualquer outra pessoa, mas o trabalho é de Deus e Ele tem cumprido suas promessas na minha vida", declara.
Irmã Albertina conta que logo no início do trabalho em João Pessoa, o pastor perguntou se as irmãs do Círculo de Oração poderiam ajudar no sustento de um pastor que estava em Cajazeiras, interior do Estado. Na época, o valor da ajuda seria de 50 mil réis e a igreja daria o restante. As irmãs se comprometeram a arcar com o valor total de 100 mil réis. "Convocamos as irmãs para orar em favor dessa causa.
Deus abençoou de maneira grandiosa e nunca mais faltou dinheiro", assegura ela, lembrando que a oferta do Círculo de Oração do templo-central em Recife é equiparada à do Círculo de Oração em Casa Amarela. "Isso também é resultado de intercessão", afirma.
Depois de 14 anos na Paraíba, voltou a Recife, onde continua à frente do Círculo de Oração em Casa Amarela. Essa segunda fase como dirigente já tem quase 40 anos. Totalmente ativa na obra do Senhor, todas as semanas, às quintas-feiras, ela dirige o trabalho que reúne centenas de pessoas para interceder a Deus.
O segredo de tamanha disposição? Albertina ensina que está em buscar a Deus. "A oração é a principal. O próprio Jesus, que teoricamente não precisaria orar, por ser o Filho de Deus e ter comunhão direta com o Pai, orava e foi quem mais ensinou sobre a oração. As pessoas precisam ter consciência da importância e da necessidade da oração", ensina ela.
Nestes anos todos, são muitos os milagres realizados por Deus, entre eles, o da cura de uma menina cega e paralítica de nascença, e de duas mulheres. Uma foi curada de tuberculose e a outra, que sofria de um grave problema na coluna, já tinha sido submetida a 19 cirurgias e estava desenganada pelos médicos.
Testificando das bênçãos do Senhor, imã Albertina revela a promessa de Deus sobre esse trabalho. "O Senhor disse que meus olhos iriam ver o resultado do trabalho. 'Vou fazer o que tenho prometido, vou curar muitos, batizar muitos'", relembra, destacando que muitas das irmãs que começaram o trabalho com ela já foram recolhidas pelo Senhor. "Hoje, fico vendo as fotos e relembrando daquelas servas que o Senhor levou. Daquele grupo que iniciou, só eu ainda estou aqui. Vejo o cumprimento da Palavra de Deus, da sua fidelidade. Compreendemos que Ele faz como quer e usa quem quer", declara.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A história da "Harpa Cristã" - Hinário oficial da AD no Brasil


Eusébio de Cesaréias (260-340) é considerado, com justa razão, o pai da História da Igreja Cristã. O que poucos estudiosos sabem é que ele foi também um grande apreciador da verdadeira música sacra. Embora vivesse num período em que esta apenas ensaiava seus primeiros passos, pôde Eusébio externar-se muito emocionado:

Nós cantamos o louvor de Deus com saltério vivo. Porque mais agradável e caro a Deus do que qualquer instrumento é a harmonia da totalidade do povo cristão. Nessa cítara é a totalidade do corpo, por cujo movimento e ação a alma canta hinos adequados a Deus, e nosso salteio de dez cordas é a veneração do Espírito Santo pelos cinco sentidos do corpo e as cinco virtudes do espírito.

Nós, pentecostais, também temos o nosso saltério; a Harpa Cristã. Ao longo dessas décadas de avivamento e visitações contínuas ao cenáculo, vimos caracterizando-nos como uma fervorosa comunidade de adoração. E não foi sem motivo que os pioneiros oficiais houveram por bem denominar nosso hinário oficial de Harpa Cristã . Vejamos, pois, a natureza e a formação de nosso hinário.

I. O QUE É A HARPA CRISTÃ
A Harpa Cristã é o hinário oficial das Assembléias de Deus no Brasil. Ela foi especialmente organizada com o objetivo de enlevar o cântico congregacional e proporcionar o louvor a Deus nas diversas liturgias da igreja: culto público, santa ceia, batismo, casamento, apresentação de crianças, funeral, etc.

A sua primeira finalidade é transformar nossas igrejas e congregações em comunidades de perfeita adoração ao Único e Verdadeiro Deus. Não pode haver igreja sem louvor.

II. O INÍCIO DO CÂNTICO CONGREGACIONAL DA ASSEMBLÉIA DEUS NO BRASIL
Em seus primórdios, a Assembléia de Deus usava os Salmos e Hinos, que também era utilizado por diversas igrejas evangélicas históricas. Mas em virtude de nossas peculiaridades doutrinárias, os pioneiros sentiram a necessidade de um hinário que também enfocasse as doutrinas pentecostais.

III. O CANTOR PENTECOSTAL
Em virtude dessa premência, foi lançado em 1921, o Cantor Pentecostal. Impresso pela tipografia Guajarina, sob a orientação editorial de Almeida Sobrinho, tinha o pequeno hinário 44 hinos e 10 corinhos.

O Cantor Pentecostal foi distribuído pela Assembléia de Deus de Belém, PA, que, naquela época, achava-se localizada na Travessa 9 de janeiro, 75.

IV. O SURGIMENTO DA HARPA CRISTÃ
Em 1922, foi lançada em Recife/PE, a primeira edição da Harpa Cristã, que viria a se tornar no hinário oficial das Assembléias de Deus. Sob a orientação editorial do Pastor Adriano Nobre, teve uma tiragem inicial de mil exemplares, e foi distribuída para todo o Brasil pelo missionário Sanuel Nyström.

A segunda edição da Harpa Cristã, já como 300 hinos, foi impressa nas Oficinas Irmãos Pangeti, no Rio de Janeiro, em 1923. Já em 1932, tinha a Harpa Cristã 400 hinos.

V. A ELABORAÇÃO DOS HINOS
Na elaboração de nossos hinos, muito contribuiu o missionário Samuel Nyström. Como não tivesse perfeito conhecimento da língua portuguesa, ele traduziu, literalmente, diversas letras da riquíssima hinódia escandinava. Para que os poemas fossem adaptados às suas respectivas músicas, foi necessário que o Pastor Paulo Leivas Macalão empreendesse semelhante tarefa. Por isso, tornou-se o Pastor Macalão no principal elaborador e adaptador de nosso hinário oficial.

VI. A HARPA CRISTÃ COM LETRA E MÚSICA
Em 1937, a Convenção Geral das Assembléias de Deus, reunida em São Paulo , nomeou uma comissão para editar e imprimir a primeira Harpa Cristã com música. Desta comissão faziam parte: Emílio Conde, Samuel Nyström, Paulo Leivas Macalão, João Sorhein e Nils Kastberg. Neste empreendimento, também tomou parte ativa o Dr. Carlos Brito.

VII. A HARPA CRISTÃ COM 524 HINOS
Com o passar dos tempos, outros hinos foram sendo acrescentados até que o nosso hinário oficial atingisse 524 hinos. Número esse que, durante várias décadas, caracterizou a Harpa Cristã.

Até 1981, quase todos os hinos da Harpa Cristã já haviam sido revisados. Os mais altos foram transpostos para tons mais acessíveis ao cântico congregacional.

VIII. A HARPA CRISTÃ ATUALIZADA
Em 1979, mediante proposta apresentada pelo Pastor Adilson Soares da Fonseca, o Conselho Administrativo da CPAD, cumprindo resolução da Assembléia Geral da CGADB reunida em Porto Alegre , naquele ano, nomeou uma comissão para proceder a uma revisão geral da música e da letra da Harpa Cristã.

A comissão era formada pelos seguintes Pastores: Paulo Leivas Macalão, Túlio Barros Ferreira, Nicodemos José Loureiro, Antonio Gilberto, e João Pereira. Nesta empreitada, também tomou parte ativa o Pastor e consagrado poeta Joanyr de Oliveira. Em termos técnicos, os trabalhos contaram com dois obreiros especializados: João Pereira, na correção e adaptação da música; e Gustavo Kessler, na revisão das letras.

Lançada em 1992, a Harpa Cristã Atualizada foi aceita em muitas igrejas, mas a maioria optou por ficar com a Harpa Tradicional. De qualquer forma, a experiência serviu para rever a hinódia pentecostal, tonando-a mais viva e participativa em nossas reuniões.

IX. A HARPA CRISTÃ AMPLIADA
Tendo em vista as necessidades de nossa igreja, a CPAD, sob a direção executiva de Ronaldo Rodrigues de Souza, compreendeu ser urgente a ampliação da Harpa Cristã tradicional. E assim, foram acrescentados mais 116 hinos a fim de atender a todas as exigências cerimoniais e litúrgicas da igreja.

A Harpa Cristã Ampliada, lançada em 1999, representa mais um avanço da já riquíssima hinódia pentecostal.

CONCLUSÃO
Rogamos a Deus, pois, para que a Harpa Cristã continue a levar o Evangelho de Cristo e o avivamento a todos os cantos de nosso país. Cantando também se evangeliza. Cantando também se promove o avivamento. Não foi o que fizeram nossos pioneiros?

PS : Existem hoje, no Brasil, diversas denominações evangélicas, de cunho pentecostal, que utilizam o nosso hinário. Essas igrejas, muitas delas neo-pentecostais, tem encontrado em nosso cancioneiro não somente a melodia, mas também a mensagem que faz a diferença no mundo espiritual.

Texto extraído do Manual da Harpa Cristã, edições CPAD, 1ª edição, 1999, pgs. 11/16.
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