quinta-feira, 28 de julho de 2011

Há 261 anos morria Johann Sebastian Bach

Johann Sebastian Bach (21/03/1685 - 13/07/1750)
Em 21 de março de 1685, em Eisenach, Alemanha, nascia Johann Sebastian Bach, o quarto filho de Johann Ambrosius Bach e sua esposa, Elisabete. O pai de J. S. Bach era "haussman", ou seja, músico da Prefeitura.

Desde Hans Bach até Johann Ambrosius, contam-se sete gerações de uma família ligada à música. Bach pertencia a uma das famílias mais musicais de toda história e no transcurso de quatro gerações precedentes, seus antepassados do sexo masculino estiveram ligados profissionalmente à música. Em certas regiões da Alemanha chegaram-se a designar todos os músicos pelo título genérico: "os Bach". De Veit Bach (?-1619) que tocava cítara, a Johann Sebastian Bach, seguindo-se uma sucessão de trinta e três membros, vinte e sete foram cantores (chefe de coro), organistas, músicos de cidade ou de corte.

O menino Johann Sebastian aos oito anos ingressa na escola de latim de Eisenach, juntamente com seus irmãos Johann Jacob e Johann Nicolas e dois primos, Johann Friedrich e Johann Michael, realizando excelentes progressos no conhecimento da língua latina ao ponto de passar seu irmão Johann Jacob que era três anos mais velho do que ele, demostrando ser um aluno precoce.
Johann Ambrosio, pai de J S Bach
Sua infância é vivida numa atmosfera musical. Em sua cidade natal, a Congregação de São Jorge, dentro do puro cristianismo luterano, tem a alta honra de ouvir dos Bach profunda música religiosa, executada por seu pai, Johann Ambrosius ao violino, por seu irmão mais velho, Johann Christoh ao órgão e J. S. Bach que possuía uma encantadora voz de soprano.

Bach aos nove anos sofre a dor pungente que toda criança experimenta ao perder sua mãe. Logo depois , aos dez anos, seu pai também falece, ocupando-se seu tio e seu irmão Christoph de sua educação musical, inicialmente como menino de coro e, depois, executante de violino, cravo e órgão.

Foi o órgão o instrumento que mais o atraiu desde a infância, tendo sido suas primeiras atividades profissionais exercidas como organista em Arnstadt (1703-1707), em Mühlhausen (1707-1708) e na capela da corte de Saxe-Weimar (1708-1717).

Desejando ouvir os grandes organistas da época, Bach viaja a pé distâncias incomensuráveis (mais de duzentos quilômetros!) por vias primitivas, conforme aconteceu em 1705, visitando Lübeck para conhecer o famigerado organista sueco Dietrich Buxtehude (1637-1707), Mestre de Capela naquela cidade e o mais célebre de toda a Europa, de quem muito aprende como compositor, regente de orquestra e de coro. Mais tarde, após o desenlace da vida material de sua primeira esposa, Bach, aos trinta e seis anos, casa-se com Anna Magdalena, dezesseis anos mais jovem do que ele, de cuja união nasceram treze filhos.

Dos vinte filhos de Bach, dez, na sua infância e juventude, retornaram prematuramente à pátria espiritual. Bach, profundamente religioso, sofria resignadamente a perda dos filhos. Consolava a Magdalena, que perdera sete dos treze filhos, e a si próprio evocando a vida de Lutero, mestre e guia espiritual de ambos, que perdera igualmente uma filha, chamada Magdalena. Embora soubesse ter ela subido para o céu e estar mais feliz do que os pobres mortais que peregrinam nesta Terra, sentia a angústia da ausência da sua querida filha.

Foram quatro os filhos que seguiram a carreira do pai: Wilhelm Friedemann (1710-1784), Carl Philipp Emanuel (1714-1788), Johann Cristian (1735-1782) e Johann Christoph Friederich Bach (1732-1795).
Wilhelm Friedmann Bach - 1710-1794Personalidade instável , dominado pelo alcoolismo. Morreu na pobreza. 
 
Karl Philip Emmanuel Bach - 1714-1788
era conhecido como o Bach de Berlim 


Johann Chistoph Friederich Bach 1732-1795
autor de oratórios e precursor da sinfonia
Johann Christian Bach - 1735 - 1782 Dedicou-se à ópera - ficou conhecido como o Bach inglês. Em Londres certa vez encontrou uma criança muito hábil ao piano, que muito lhe surpreendeu. Era Mozart
Carl Philipp Emanuel foi o filho que mais herdou o gênio musical e o caráter de Bach. Sua obra é vastíssima e preciosa.A respeito de Bach, Carl Philipp fez a seguinte referência numa missiva enviada a Allgemein, seu editor:
"Mas quantas virtudes possuem as obras de meu pai concernentes a instrumentos de teclado! Que vitalidade, que graça de melodias não encontramos nós nessas maravilhosas obras! Que gênio inventivo, que variedade de tons e de estilos, quanto rigor, quanta perfeição! Algumas dessas criações apresentam tantas dificuldades que só mãos de mestre as podem manusear! Dir-se-iam criações esotéricas, só para os grandes iniciados da música. Outras são revestidas de tanta simplicidade que um iniciante no estudo da música as poderia compreender e executar. Quantos artistas da nossa geração sorveram a arte de meu pai, e as futuras gerações buscarão nele a arte musical e o amarão como nós o amamos! Não foi ele o único criador a nos dar o método de bem estudar e bem tocar os instrumentos de teclado? Ele, que possuía profundamente a ciência do contraponto( e mesmo dos seus artifícios ), foi o supremo mestre a nos ensinar a ser servos da Beleza!"

Bach levou ao auge técnicas musicais em suas composições como o contraponto e a fuga. Contraponto é a execução de duas ou mais melodias ao mesmo tempo. Fuga é uma composição na qual diferentes instrumentos repetem a mesma melodia com ligeiras variações. Todos sabemos, naturalmente, o que é melodia, palavra muito comum, cujo significado, no entanto, é difícil de ser precisado com exatidão. Um dicionário musical sugere a seguinte definição: "seqüência de notas, de diferentes sons, organizadas numa dada forma de modo a fazer sentido musical para quem escuta". Contudo, o modo de reagir a uma melodia é questão muito pessoal. Aquilo que faz "sentido musical" para um pode ser inaceitável para outro - a belíssima Sagração da Primavera de Stravinsky que o diga - e o que mostra interessante e até belo para uma pessoa pode deixar uma outra inteiramente indiferente!
Casa onde Bach nasceu. Hoje é um museu de música
Em 1717 ocorreu um grande modificação na vida de Bach, ao ser ele nomeado músico da corte do Príncipe Leopoldo de Köten. Em Weimar, a sua obra era quase totalmente dedicada à música sacra e coral. Em Köten, durante seis anos, produziu ininterruptamente concertos e suítes orquestrais, partitas e sonatas para flauta, violino, viola da gamba e cravo, peças corais ligeiras como a Cantata Camponesa e a Cantata do Café, algumas dúzias de peças para solo de teclado, desde os primeiros vinte e quatro prelúdios e fugas do Cravo Bem Temperado ao vibrante Concerto Italiano e às duas dúzias ou mais de suítes e partitas de grande porte. Em 1723 Bach inicia o período mais importante de sua brilhante carreira, ao ser nomeado Kantor (diretor musical residente) da igreja de São Tomás, em Leipzig.

No final de uma existência prolífera e profícua, Bach é acometido por uma grave deficiência visual. Confiante, submete-se a uma cirurgia. Resignado, aceita sem blasfemar a sua triste situação. Vejamos como Anna Magdalena descreve este lamentável acontecimento:
"Oh! Meu Deus, ainda sinto a angústia desse momento! Todavia, quando chegou a hora de revelar o efeito da operação e a sua total cegueira, Sebastian demostrou extraordinária paciência. Longe de permanecer tão calma como ele, eu chorava ao lado do seu leito. Meu marido pôs a mão na minha cabeça e disse-me: 'Devemos ficar contentes por sofrer um pouco; isso nos aproxima de Nosso Senhor, que tanto sofreu por nós'. Pediu-me depois para ler um livro de Tauler, célebre pregador, o segundo sermão da Epifania, em que havia uma passagem de que se lembrava, e a qual desejava ouvir para consolação dos ouvidos da sua alma, já que não a podia ler para a alegria dos seus olhos. 'Se os olhos da minha cabeça me são arrebatados, é porque Deus, Nosso Senhor e Pai celeste assim o quis por toda a eternidade, e se eles agora me são tirados, e se me torno cego e surdo, é porque assim o quis nosso Pai e Senhor. Não devo então abrir meus olhos e meus ouvidos e agradecer a Deus, que a Sua santa vontade seja cumprida em mim? Por que hei de ficar triste por isso? Assim, perder a vista, a audição, os amigos, a fortuna e tudo aquilo que Deus nos de partinha; tudo deve servir para nos preparar e ajudar na espera da verdadeira paz'. Foi, pois, bruscamente, que tive consciência de que a maior esperança de meu marido era morrer."
Bach, um titã da composição, teve forças para conceber a sua última obra, a Arte da Fuga, antes de alçar o vôo da libertação do vale das sombras para o reino de luz e encontrar o seu amado Jesus.

Momentos antes de sua morte - que nada mais é do que uma porta de acesso à verdadeira vida -, Bach, doente e cego, dita sua derradeira composição: o coral Senhor, eis-mediante do teu trono. Anna Magdalena descreve esta comovente cena nas seguintes palavras:

"Depois de adormecer no leito de morte, exclamou; "Chritoph vai buscar papel; tenho música na cabeça e desejava que a escrevesse para mim. "Estou diante do Teu trono". É a última música que farei neste mundo. Fazei-me um pouco de música, cantai-me alguma coisa de belo sobre a morte, porque a minha hora chegou."
Túmulo de J S Bach
Imediatamente, sua adorada esposa entoou o coral "Todos os homens têm de morrer" sobre o qual Bach havia composto um belíssimo prelúdio. E enquanto cantavam, uma grande paz surgiu no rosto dele. Bach começava a vislumbrar a nova vida. O coral que compôs in extremis dizia:

"Estou diante de teu trono, meu Deus,
inteiramente em Tuas mãos.
Volta para mim a Tua face cheia de piedade
e não me recuses a Tua graça."

E assim, em Leipzig, no dia 28 de julho de 1750, às oito horas e quinze minutos de uma terça-feira morria um dos maiores gênios da música.

Fonte: Projeto Musical

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O insensato Ministério da Justiça elogia a novela Insensato Coração

O Insensato Ministério da Justiça elogia a novela Insensato Coração - Mais uma "pisada na bola" que o governo dá, inda pior depois de a Globo transmitir o capítulo onde, diretamente, um personagem gay culpa os pastores pelo desgosto de seus pais novelísticos em ter um filho homossexual. Leia mais no artigo"Ainda tem crente iludido com a Globo", do Pr Altair Germano e "Coração Insensato de autores da Globo pisa em cristãos outra vez", de Elizeu Antonio Gomes.

O Ministério da Justiça decidiu manter a classificação indicativa de "Insensato Coração", da Globo, que não é recomendada a menores de 12 anos, porque a trama tem exibido conteúdo de relevância social, principalmente pela valorização e respeito aos direitos homossexuais.
A pasta elogiou a novela por expor a realidade de perseguição, discriminação e violência contra o segmento LGBT. O esforço para abordar de forma atenuada os temas violentos e eróticos também foi enaltecido. (Folha de S.Paulo)

Publicado na coluna Zaping-Agora São Paulo em 21/07/2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

O perigo da vaidade no Ministério


Pr. Elinaldo Renovato de Lima

Introdução


O ministério eclesiástico, constituído de muitas funções a serem desempenhadas em favor da Igreja do Senhor, envolve de tal forma aqueles que a ele se dedicam, que exige tempo, esforço, preparo, unção e cuidado. Se o obreiro não souber administrar seu comportamento, com graça e vigilância, poderá ser vítima da vaidade ministerial, que tem levado muitos ao desprestígio e queda, diante de Deus, da igreja e dos homens. Solenemente proclama a Bíblia: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda" (Pv 16:18). Dessa forma, é imprescindível estar atento ao que se passa em torno do ministério. O perigo pode não estar longe, mas bem perto, dentro de cada um obreiro do Senhor. Além do sexo, dinheiro e poder, que são os três elementos mais comuns, usados pelo diabo para derrubar líderes, há outros, derivados desses, que minam as bases do ministério de muitos obreiros, levando-os a serem vaidosos no ministério. Vaidade vem de vanitate (lat.), com o significado de "vão, ilusório, instável ou pouco duradouro; desejo imoderado de atrair admiração ou homenagens". Esse último significado, a propósito sublinhado, tem muito a ver com a vaidade no ministério.

O perigo da vaidade em relação ao sexo


Não é à toa que o sábio, escritor do livro de Provérbios, exortando o filho de Deus, ensina que é necessário ter sabedoria, bom siso e temor do Senhor, para se livrar da mulher adúltera, "que lisonjeia com suas palavras, a qual deixa o guia da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus; porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas, para os mortos; todos os que se dirigem a elas não voltarão e não atinarão com as veredas da vida" (Pv 5.16-19).

Muitas vezes, por falta de vigilância oração, o obreiro acerca-se de mulheres, em seu trabalho, sem atentar para seu comportamento, não percebendo que armadilhas do diabo estão sendo colocadas diante de si. Não raro, é o pastor que tem como secretária uma jovem solteira, ou uma jovem senhora, carente de afeto, que se insinua e se oferece para satisfazer a carência afetiva do obreiro, muitas vezes afastado da esposa, por causa do "ativismo frenético", que não lhe deixa tempo para a família. E o homem de Deus, esquecendo-se das bênçãos que lhe são reservadas, troca a dignidade ministerial por um relacionamento ilícito e pecaminoso, para sua própria destruição. Um ponto crítico, alvo de tentação, é o aconselhamento, em sua maioria a mulheres da igreja.

Conheço casos de obreiros que perderam a reputação, o cargo e o ministério porque se deixaram envolver emocionalmente com pessoas aconselhadas, e caíram na armadilha do sexo. Diante de uma bela mulher, há obreiros que ficam vaidosos, sentindo-se como se fossem galãs conquistadores. Na verdade, estão sendo conquistados pelo diabo. É o velho comportamento de Esaú, trocando as bênçãos do ministério pelo prato de lentilhas do prazer imediato.

Não há outro caminho para escapar da queda, a não ser o temor de Deus, a vigilância, a oração (Mt 26.41) e o desenvolvimento de um relacionamento amoroso com a esposa, que envolva carinho, companheirismo e verdadeira afeição. A Bíblia diz: "Tem cuidado de ti mesmo..." (1 Tm 4.16).

A vaidade em relação do dinheiro


O dinheiro, em si, não é mau. A Bíblia não diz em nenhuma parte que o dinheiro é perigoso. Ela nos adverte quanto ao "amor do dinheiro", que é a "raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Tm 6.10). Uma boa "prebenda" pode levar muitos à vaidade.

A Palavra de Deus é infalível. Aqueles que, na direção de igrejas, principalmente de grande porte, cuja renda mensal é considerada alta, não têm cuidado de vigiar no trato com recursos financeiros, acabam afundando na cobiça, esquecendo-se da missão, e tornando-se verdadeiros cambistas, negociantes e mercantilistas do tesouro da casa do Senhor. E isso é vaidade, futilidade. A vaidade e o poder que detêm os torna como se fossem donos do tesouro da igreja, e passam a gastar como bem querem e entendem, sem dar satisfação sequer à Diretoria, e muito menos à igreja, que se sente desconfiada, por nunca ouvir um relatório financeiro da tesouraria.

É lamentável, mas há obreiros que compram bens pessoais, ás custas do dinheiro dos dízimos e ofertas do Senhor. Certamente, a maldição os alcançará, pois estão sonegando os recursos destinado à Obra do Senhor. Essa vaidade é prejudicial ao bom nome da igreja. A Bíblia conta o que ocorreu com Gideão. Numa fase de sua vida, deixou-se levar pela direção de Deus, e foi grandemente abençoado, sendo protagonista de espetacular vitória contra os midianitas, à frente de apenas 300 homens (Jz 7).

Contudo, após a grande vitória, cobiçou o ouro de seus liderados, solicitando que cada um deles lhe desse "os pendentes de ouro do despojo", no que foi atendido pelos que o admiravam (Jz 8.24). Tentado pela cobiça do metal precioso, Gideão deixou que subisse para a cabeça o desejo de ter sua própria "igreja", levantando um lugar de adoração, com o ouro que lhe foi presenteado, mandando confeccionar um éfode, " e todo o Israel se prostituiu ali após dele: foi por tropeço a Gideão e à sua casa...e sucedeu que , quando Gideão faleceu, os filhos de Israel e se tornaram, e se prostituíram após dos baalins: e puseram Baal-Berite por seu deus" (Jz 8.27,32).

Tem razão a Palavra de Deus, quando adverte que "o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males...".

A vaidade do poder do cargo


Há obreiros que, enquanto dirigentes de pequenas igrejas, são humildes, despretensiosos e dedicados à missão que lhe foi confiada. Contudo, ao verem a obra crescer, fazendo-os líderes de grandes igrejas, esquecem de que "nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento" (1 Co 3:7), e passam a se comportar como verdadeiros imperadores ou ditadores eclesiásticos.

O cargo de pastor, do bispo ou do presbítero é de grande valor para a igreja. A Bíblia diz Deus deu pastores à igreja, ao lado de evangelistas e mestres, "querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo" (Ef 4.12). Aí está o objetivo do cargo ou da função pastoral.

Quando o ministro perde essa visão, acaba pensando que o cargo é fonte de poder pessoal, humano e carnal, e passa a usar a posição para a satisfação de interesses pessoais ou de grupos que se formam ao seu redor, e deixa-se dominar pela vaidade ministerial. Uzias, que reinou em lugar de seu pai, Amazias, aos dezesseis anos de idade, teve um grande ministério, aconselhando-se com Zacarias. A Bíblia diz que ele, "nos dias em que buscou o Senhor, Deus o fez prosperar" (2 Cr 26.3,5). Acrescenta, ainda a Palavra, que Uzias foi "maravilhosamente ajudado até que se tornou forte. Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso" (2 Cr 26.15,16).

Esse episódio demonstra que a ilusão ou a vaidade do poder, oriundo da posição que o líder ocupa é fonte de comportamentos os mais estranhos e imprevisíveis. O diabo se aproveita das fraquezas da personalidade de certas pessoas, e incita-as a julgar-se grandes demais, a ponto de extrapolarem suas ações, agindo de modo ilegítimo, e contra a vontade de Deus. Uzias foi grandemente abençoado, até que, sentindo-se forte, ou seja, cheio de poder, entendeu que podia imiscuir-se nas funções que eram privativas do sacerdote de sua época. Porque ele fez isso? Porque se deixou dominar pela vaidade do poder.

É muito importante que o obreiro, no ministério, tenha consciência de que o poder que lhe sustenta não é o poder pessoal, nem o poder do cargo. O homem de Deus só pode ser sustentado e permanecer firme, se reconhecer que o poder vem de Deus. Davi disse: "Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi: que o poder pertence a Deus" (Sl 62:11). S. Paulo, doutrinando aos efésios sobre as armas que são colocadas à disposição do crente, ensinou: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder" (Ef 6.10).

O poder que emana do cargo ministerial é passageiro. Da mesma forma, o poder que advém do dinheiro, da posição, da fama ou de qualquer outra fonte, tem raízes nas forças do homem, e não tem durabilidade, pois debaixo do sol tudo é vaidade, conforme diz o sábio escritor do Eclesiastes (Ec 1.14). Dessa forma, é melhor não se deixar dominar pela vaidade do poder, pois, um dia, quando o detentor do cargo tem que deixa-lo, seja por jubilação ou por outra razão, poderá sofrer muito, sentindo falta do poder de que foi detentor. Contudo, quando o homem de Deus não se deixa seduzir pela vaidade do poder, e confia no poder de Deus, ele pode sair do cargo de cabeça erguida, sem sentir carência da posição.

A vaidade na pregação


Um obreiro, pastor ou líder, à frente do trabalho, precisa ter mensagens para transmitir ao rebanho. A verdadeira mensagem é aquela que vem de cima, que flui do Espírito de Deus para o espírito do mensageiro, e passa para a igreja, com unção e graça, de modo que todos são tocados pelo poder de Deus, transbordando em amor, temor e alegria espiritual.

Esse tipo de mensagem só pode existir, se o obreiro buscar a presença de Deus, em oração e jejum. Certo pregador dizia que muitos lhe indagavam sobre o segredo de ter tanta unção para transmitir mensagens para o povo, ao que ele respondeu - "O segredo é que muitos oram cinco minutos para pregar uma hora; eu oro uma hora para pregar cinco minutos".

Infelizmente, há os que, conscientes de que possuem o dom da palavra, ou o dom da oratória, ficam orgulhosos, e passam a se comportar como se fossem meros oradores de palanques, procurando impressionar a igreja. Há até os pregadores profissionais, que se utilizam das técnicas de comunicação, para atrair os ouvintes; são portadores de mensagens "enlatadas", as quais só precisam de um "esquente" da platéia para arrancarem glórias e aleluias.

O uso da oratória, fundamentada numa boa orientação da Homilética, não faz mal a nenhum pregador. É um meio adequado que, submisso à unção do Espírito Santo, pode trazer muitos resultados abençoados para o engrandecimento do Reino de Deus. Um esboço de mensagem bem elaborado, com oração e jejum, com base na pesquisa da Palavra de Deus, e transmitido com humildade e dependência do Senhor é um recurso que dá firmeza ao pregador na sua alocução, na transmissão do sermão.

Entretanto, o obreiro, em sua prédica, não deve pensar que tais recursos são a razão do sucesso da mensagem que transmite. S. Paulo, extraordinário pregador, não confiou em sua formação privilegiada, aos pés de Gamaliel. Escrevendo aos coríntios, disse: "A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder" (1 Co 2:4). Ele confiava na eloquência do poder, ao invés de se firmar no poder da eloquência. A vaidade na pregação faz com que certos evangelistas não se interessem por pregar para pequenas multidões. Seu ego só se satisfaz se lhe for assegurada a assistência de milhares de pessoas.

A vaidade no tratamento


Todo homem de Deus tem o dever de tratar bem às pessoas e o direito de ser bem tratado pelos que dele se aproxima,, pois não é uma pessoa qualquer, mas um servo de Deus, que está incumbido da missão mais importante da face da terra. A Bíblia diz: "a quem honra, honra" (Rm 13.7). Contudo, há aqueles que, dominados pelo sentimento vaidoso, extrapolam seus interesses, e passam a exigir um tratamento exagerado em torno de sua pessoa.

Conheci o caso de certo pregador, que, ao ser convidado para pregar num congresso, não se limitou a aceitar a passagem, a hospedagem e uma oferta da igreja. De antemão, exigiu que a passagem fosse enviada por determinada empresa aérea; que lhe fosse providenciada hospedagem num hotel de categoria internacional (cinco estrelas) para ele e sua esposa; e que também lhe fosse concedida um apartamento duplo para sua empregada e seus filhos, que deveriam acompanhá-lo. E foi atendido. Seu ego foi satisfeito, sua vaidade foi alimentada, às custas dos dízimos e ofertas de irmãos, em sua maioria pobres de recursos e de bens materiais.

Se não tivermos cuidado, vai haver pregador famoso, que poderá exigir até passagem para seu cão de estimação e tratamento "vip" para o animal. Vaidade e mercantilismos podem prejudicar muitos ministérios. Tenho visto que, no Brasil, há obreiros humildes, cheios da unção de Deus, mas, por serem jovens ou não serem famosos, são esquecidos, e nunca aproveitados em cruzadas e congressos.

A vaidade no ministério do louvor


Ao ministrar estudo num certo estado do Brasil, ouvi de irmãos que certo "cantor evangélico famoso" passara por ali, tendo exigido um cachê de quinze mil reais, com cinqüenta por cento adiantado, em depósito em sua conta; carro com ar condicionado, o melhor hotel da cidade.

E lamentavelmente, os irmãos se submeteram à vaidade exagerada daquele homem que, se aproveitando do que Deus fez em sua vida, passou a explorar certas igrejas, infelizmente dirigidas por pastores vaidosos , que só pensam em ver multidões, não importando o preço a pagar. Uma igreja denominacional, que desejava angariar recursos para a construção de um templo, resolveu convidar certo cantor, recém-convertido ao evangelho, esperando obter algum retorno para a obra.

O cantor, conhecido no mundo artístico brasileiro, exigiu, além de hotel de luxo, quase vinte mil reais, para cantar numa só noite, num grande estádio de futebol. Como resultado, as "entradas" não cobriram o "cachê" , a igreja teve prejuízo e amargou grande decepção. Sem dúvida, isso só acontece por causa da vaidade de tais pessoas, e da ingenuidade de certos pastores, que, desejando ver "a casa cheia", convidam celebridades para atrair o povo. A Bíblia nos mostra que o caminho para angariar recursos para a "manutenção" da casa do Senhor é a doutrina sobre a mordomia cristã, no que concerne aos dízimos e ofertas, conforme Malaquias 3.10.

Vaidade nas mordomias


No passado, quando o evangelho chegou à nossa terra, trazido por homens de Deus, que foram pioneiros no desbravamento da obra, as condições de trabalho eram duras e difíceis. Muitos deles andaram a pé, distâncias enormes, que os faziam fadigados e doentes; muitos percorreram os rincões do país, no lombo de cavalos, ou atravessando rios em canoas, sujeitos aos riscos de viagens sem segurança; muitos se hospedarem à margem dos igarapés, infestados de mosquitos e ameaçados por animais selvagens; tomaram água suja e chegaram a ser vitimados pela malária ou pela febre amarela. A eles, muito devemos, pelo seu desprendimento, coragem e fé.

Hoje, no entanto, em geral, vemos que Deus tem propiciado condições de trabalho muito melhores aos obreiros, por esse Brasil a fora. As igrejas maiores podem conceder aos pastores moradia condigna, transportes pessoais, seguro-saúde, salário compatível e muito mais. É verdade que em grande parte, há obreiros que passam necessidades, injustamente. Entretanto, há os que, aproveitando-se da bênção de Deus sobre as igrejas, abusam das mordomias.

Há casos em que o obreiro rejeita a casa pastoral, porque a esposa não gosta do estilo do prédio, e passam a exigir casa com tanto conforto e luxo, nas dependências, que consomem os recursos da igreja. É importante que o pastor more condignamente. Mas não é preciso exibir riqueza e luxo. Por outro lado, há obreiros que exigem salário tão elevado, além decombustível para o carro particular, pagamento de todas as despesas da casa, carro para levar os filhos na escola, empregada, arrumadeira, vigia, etc., que chamam a atenção dos murmuradores contra a obra do Senhor.

Com isso, não desconhecemos a necessidade de um obreiro, líder de um grande trabalho, ter um tratamento adequado ao nível de suas responsabilidades. Se a igreja tem condições, é compreensível. Mas o exagero nesse aspecto, denota vaidade e desejo de aparecer perante a comunidade.

A vaidade na formação teológica


Há pouco mais de vinte anos, quem quisesse estudar teologia, em muitas igrejas, era considerado excêntrico e vaidoso. Muitos que ousaram ingressar num instituto bíblico, tiveram que fazê-lo às suas expensas, sem qualquer ajuda da igreja à qual eram filiados, e ainda assim, considerados malvistos pela liderança. Os tempos passaram e, por razões as mais diversas, como a exigência de melhores conhecimentos bíblicos e teológicos, ou o receio de ver grupos oriundos de certas igrejas arrebanharem os jovens para os cursos considerados "perigosos", as lideranças resolveram investir na área do ensino teológico.

Na última década, proliferaram, no Brasil, os mais variados tipos de escolas, cursos, seminários, institutos, faculdades, etc. , voltados para o ensino teológico. Muitos desses cursos não têm a menor condição técnica, ou mesmo bíblico-teológica para ministrar o ensino, e têm formado um grande número de obreiros , portadores de diploma até de bacharelado em Teologia. Como resultado, passou-se de uma carência de pessoas com curso teológico, para uma grande quantidade de pessoas diplomadas, mas com formação que deixa a desejar, em termos de conhecimentos bíblicos e teológicos.

Alguns desses formados, são obreiros vaidosos, que, possuídos de sentimento de superioridade, passam a desprezar os não formados, considerandos incapazes de exercer o ministério. Isso constitui uma vaidade, que leva muitos a assomarem aos púlpitos, sem unção e sem graça, confiando nos conhecimentos obtidos. A Bíblia nos adverte: "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento" (Pv 3.5). Não se deve discriminar os obreiros formados em Teologia. Eles podem ser uma grande bênção para a ministração do ensino, da pesquisa bíblica e da evangelização. Mas não se deve deixar que os conhecimentos tomem o lugar do preparo espiritual para a pregação do evangelho, que se obtém de joelhos, orando e jejuando , na presença do Senhor.


Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Pastor da Assembléia de Deus em Parnamirim - RN.
Publicado na Revista OBREIRO nº 10, março de 2000, CPAD

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nota de Falecimento - Reflexão

Esse texto, lamentavelmente, é um retrato fiel de muitas igrejas que hoje, no Brasil e no mundo, trocaram as reuniões de oração, consagração e jejuns pelos mais variados eventos sociais. Os fellowship halls (salas de comunhão) são maiores e mais concorridos em seus eventos que as naves dos templo nos dias de culto. O resultado é desastroso sob todos os aspectos. Leiam, reflitam e sigam o bom exemplo dos pastores que, ao contrário do caso abaixo,  estão fortalecendo o Culto de Oração e literalmente colocando suas igrejas para avançar de joelhos. 


Faleceu na Igreja dos Negligentes e Frios na Fé, Dona Reunião de Oração, que já estava enferma desde muitas décadas.

Foi proprietária de grandes avivamentos bíblicos e de grande poder e influência no passado.

Os médicos constataram que a sua doença foi motivada pela frieza de coração, devido à falta de circulação do sangue da .

Constataram, ainda dureza de joelhos (que não se dobravam mais), fraqueza de ânimo e muita falta de boa vontade.

Foi medicada, mas erradamente, pois lhe deram grande dose de "Administração de Empresas", mudando-lhe o regime. 

O "Xarope de Reuniões Sociais" intoxicou-a e a sufocou . Deram-lhe "Injeções de Competições Esportivas", o que provocou má circulação nas amizades, trazendo-lhe, ainda, os males da carne: rivalidades, ciúmes, fofocas.

Administraram-lhe muitos comprimidos de "Acampamentos" e "Clubes de Campo". Até cápsulas de "Gincana" lhe deram para tomar!

Resultado: morreu Dona Reunião de Oração!

A autópsia revelou falta de alimentação com o PÃO DA VIDA, carência de ÁGUA VIVA e ausência de VIDA ESPIRITUAL.

Em sua memória, a Igreja dos Negligentes e Frios na Fé, situada na rua do Mundanismo, nº 666, estará fechada nos cultos de 2ª e 4ª feiras; aos domingos, haverá culto só pele manhã, assim mesmo quando não houver feriadão, emendando o lazer de sexta-feira até segunda-feira.

Agora, uma pergunta: Será que você, que está lendo esta notícia, não ajudou a matar Dona Reunião de Oração?



Aproveito para convidá-lo(a) a orar conosco todas as quartas-feiras, das 19:00h às 21:00h, em qualquer templo da Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Pernambuco (CONADEPE) sob liderança do Pr Ailton José Alves. Tem sido uma verdadeira benção para todos nós, com templos lotados, crescimento e renovação espiritual e testemunhos do poder de Deus.
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