quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Não enterre o seu talento!



“Quando eu estiver diante de Deus, no fim de minha vida, eu espero que não tenha deixado para trás um mínimo sequer de talento, e possa dizer: ´eu usei tudo que Tu me deste´!"
Erma Bombeck


A questão é simples: o que você tem feito com os seus talentos inatos? Você tem multiplicado ou enterrado seus talentos? Antes de respondermos a essas questões, é importante você conhecer a origem dessa palavra, talento. E não fique com brincadeira, achando que "tá-lento" é o antônimo de “tá-rápido”. A coisa é séria.

Em nossa língua, talento provém da palavra latina “talentum”, que por sua vez se origina da palavra grega “tálanton”. Tálanton era uma moeda e também uma medida de peso usada na antiga Grécia e Roma. Um talento de ouro significava uma quantidade de ouro correspondente ao peso de um “tálanton”. 

A idéia de um dom natural ou de uma aptidão excepcional nasceu da interpretação da parábola de Jesus, registrada no Evangelho de Mateus, que três criados recebem talentos de seu senhor e deveriam fazê-los render frutos. Leia a parábola e depois continue a leitura do texto para compreender a aplicação do termo talento na vida profissional:  Mt 25:14-30

Analisando essa parábola, em primeiro lugar, observe que 3 pessoas receberam uma quantidade de “talentos” de acordo com suas capacidades. Essa capacidade a que o texto se refere, (no original grego “dunamis”) tem o sentido de habilidade, “uma força herdada que reside em alguém pela virtude de sua natureza”. Essa palavra grega “dunamis”, também é a raiz da palavra “dinâmico”. Ou seja, cada um recebeu a quantidade de talentos que estava preparada para lidar, em função de suas características pessoais, de sua força, habilidade e dinamismo. 

E se você notar bem, cada uma delas reagiu de forma diferente à mesma situação. É nesse instante que podemos ver o porquê do senhor delas, que nesse caso é uma metáfora à pessoa de Deus, concedeu quantidades de talentos diferentes a cada uma. 

Aparentemente, podemos pensar que os dois que receberam cinco e dois talentos estão em pé de igualdade, pois multiplicaram a mesma quantia que receberam. Mas analisando melhor o texto, veremos que o primeiro, a quem foi confiada a maior quantidade de talentos, “saiu imediatamente” para “aplicar” (no original grego “ergazomai”, que significa “ganhar fazendo negócios”) o dinheiro, no caso, os cinco talentos recebidos. 

Já com o segundo, que recebeu dois talentos, a referência é que ele “ganhou” mais dois, sem o texto fazer qualquer menção a que tivesse negociado os talentos, ou como os ganhou. Quanto ao terceiro, não precisamos falar muito. Sua atitude covarde e amedrontada, em nada pro-ativa, justifica por si só o fato dele ter recebido apenas um talento, e não ter gerado qualquer coisa com ele. 

Depois disso tudo, o fato mais intrigante ocorre no final da parábola, quando Jesus diz que o senhor manda entregar o talento que tinha sido escondido pelo terceiro servo para o que tinha mais, no caso o primeiro servo, que tinha recebido cinco, e registra ainda que “para aquele que tem mais, mais será dado, e para o que não tem, até o que tem lhe será tirado”. É dura e aparentemente de difícil compreensão essa passagem. 

Antes de um desfecho final para esse tema, compreenda que a lição mais importante desta parábola é o que você faz com os talentos que você recebe. 

A sugestão que nos dá a parábola é que talento não é algo que se tem, mas que se recebe, como um dom natural. Algo que Deus colocou em cada um de nós, para que usássemos para desenvolver com excelência nossas competências. 

O talento, na verdade, deve ser entendido como uma capacitação que nos permite usar de forma excepcional as competências que cada um de nós tem ou adquire ao longo da vida, e assim gerar frutos ou resultados extraordinários. Todos nascemos com competências, ou aptidões para certos tipos de trabalhos ou atividades. Da mesma forma, podemos ao longo de nossa vida, através de nossos estudos e vivências, ir adquirindo e desenvolvendo outras competências ou aptidões. São elas que nos fazem distintos dos outros, e nos vocacionam para certas áreas profissionais. Por sua vez, talentosa é a pessoa que consegue bem aplicar essas competências. 

Você já prestou atenção que existem pessoas sobre as quais fazemos a seguinte observação: “Ela não é talentosa, mas é muito esforçada”. É como se o esforço não fosse suficiente para garantir um resultado extraordinário, que poderia ser alcançado se aquela pessoa tivesse talento para desenvolver a atividade em questão. Ou seja, ela tem competência para desenvolver a atividade, mas não tem, ou não usa, o talento para obter a excelência na execução das atividades e na obtenção dos resultados. 

Por outro lado, existem pessoas que têm talento para certa atividade, mas esquecem de se dedicar no desenvolvimento das competências necessárias, agindo com genialidade, mas com displicência, desperdiçando o talento recebido. 

Outras pessoas, por sua vez, preferem enterrar o talento que têm, não produzindo nada, ou produzindo muito menos do que poderiam, tornando-se inimigos de seu próprio crescimento. Por fim, algumas preferem desenvolver competências para as quais não receberam talentos. Ora, você não tem talento para fazer tudo. 

Existem pessoas que insistem em se desenvolver em área que não receberam talento para tal. Chegarão no máximo à competência, mas lhes faltarão sempre o talento necessário para atingirem a excelência.

Entendendo o talento por esse prisma, é mais fácil aceitar que quem tem mais talento acaba por receber mais oportunidades e ser mais exigido, sendo-lhe confiada oportunidades que implicam responsabilidades maiores. No caso da parábola, o mais preparado recebeu cinco talentos, e não dois ou um. E o recebeu porque existia nele a capacidade (dunamis) para multiplicá-lo. É natural então pensarmos que, das pessoas que não usam ou não têm talento para uma certa atividade, lhes é retirada até as oportunidades que têm, pois não conseguem multiplicá-las. Assim, elas próprias fecham as portas para o seu crescimento, por cegueira ou por indolência e indisciplina.

E você, o que tem feito com os talentos que recebeu de Deus para desenvolver uma atividade? Você os tem colocado em prática e multiplicado resultados, ou tem enterrado esses talentos, não alcançando resultados excelentes. Lembre-se que o mercado lhe concederá oportunidades na mesma medida que você usa os talentos que recebeu de Deus. 

Paulo Angelim é professor, especialista em Marketing, empresário do ramo imobiliário, colunista de várias revistas (VOCÊ S/A e outros periódicos) e escritor.

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