“Eles (usuários da maconha) dizem que isso é um processo natural. Quando usam a maconha, têm maior facilidade em adquirir o crack ou a cocaína. Sabem que já estão na ilegalidade e resolvem experimentar”, diz a professora Helena Barros, coordenadora do Vivavoz.
Considerada uma substância psicotrópica leve, a maconha traz a falsa sensação ao usuário de não fazer mal à saúde, segundo a professora. Porém, ressalta, muitos desconhecem os malefícios da erva. “Quem planta a maconha usa cada vez mais pesticidas e agrotóxicos para que a planta cresça. Na fase do preparo ainda são inseridos outros insumos”, diz a professora.
Após o uso do crack ou da cocaína, muitos dos dependentes da maconha começam a fazer o uso das três drogas. Em geral, esse consumo é feito junto com bebidas alcoólicas e em grupos. Os usuários, segundo a pesquisa, dizem que fumam maconha para relaxar. Quando querem maior disposição física, ainda que momentânea, preferem a cocaína ou o crack.
Boa parte da população (35%) que procura o Vivavoz tem renda mensal de até 5 salários mínimos. A maioria tem em torno de 30 anos e começou a usar a maconha na adolescência. O serviço foi criado em 2005. Após um primeiro atendimento, é oferecida ao usuário uma breve intervenção motivacional, por telefone. A partir daí, até seis meses, 30% dos usuários mantêm contato. Cerca de 10% dizem conseguir se livrar das drogas.
O Vivavoz atende mensalmente cerca de 3 mil ligações de todo o País através do telefone 0800-510-0015. Dessas, cerca de 1.500 são usuários de drogas – lícitas (cigarro, bebida alcoólica) ou ilícitas. Cerca de 400 afirmam ser usuários de maconha. As outras duas mil ligações, em geral, são de parentes procurando ajuda a um dependente, ou o próprio usuário se identificando como parente.
Os Estados de onde acontecem a maior parte das ligações, com percentuais entre 8% e 12%, são Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Jornal do Commercio - Recife/PE
Publicado em 29.04.2009
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