Música e assédio moral
A música está ligada ao bem-estar e à diversão. Contudo, nos últimos
anos, ela esteve cada vez mais presente em processos na justiça sobre
assédio moral.
Susan Christina Forster, advogada especialista em direito empresarial e
em musicoterapia, analisou acórdãos de assédio moral que tramitaram nos
tribunais regionais de 2000 a 2010 e constatou que, de uma amostra de
223 acórdãos proferidos no período, 50,4% relacionavam-se a músicas "de
cunho erótico-sensual" e 25,2% a músicas do tipo "marcial-solene," os
gritos de guerra.
A tese, defendida em agosto de 2010 na Universidade Presbiteriana
Mackenzie, em São Paulo, virou o livro "Música e Humilhação" (Ed. Edgar
Blucher), lançado na última semana.
Na obra, a advogada constata que as músicas dentro do ambiente de
trabalho muitas vezes não são percebidas como forma de assédio pelos
próprios funcionários. No livro, Forster cita "Ursinho Pimpão", da Turma
do Balão Mágico, "Na boquinha da garrafa", da Companhia do Pagode, e
"Melô do tchan", do É o Tchan, como exemplos de músicas que foram
utilizadas em casos de assédio.
"De maneira geral, a música está associada a festa e nem todas as
pessoas que praticam [o assédio] têm noção de que ela pode ser
ferramenta de assédio", afirma.
A especialista constatou em seu estudo que "a música é associada a
dinâmicas e brincadeiras como práticas motivacionais ou como forma de
disciplinar o empregado por atrasos ou descumprimento de metas".
Dentre os pontos importantes do estudo, está o fato de os homens
representarem 70% dos reclamantes. "Por muito tempo imaginou-se que as
mulheres eram as maiores vítimas e talvez até sejam, mas ainda se
manifestam menos", afirma.
Clique e leia mais trechos da entrevista que Forster concedeu à Folha.
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