Alberto Ream demonstra de forma clara e objetiva, os danos que o descuido relegado à voz infantil tem causado às crianças, que em alguns casos pode deixar marcas indeléveis e atrofias irrecuperáveis, não só físicas mais emocionais, que talvez as aflijam até o fim de suas vida.
Nas trinta e duas primeiras páginas, o autor trata das atitudes dois pais e educadores e do ambiente como formadores de caráter e também modificadores ou influenciadores da voz. Em especial, ele afirma que as crianças criadas em ambientes barulhentos desenvolvem problemas vocais; Crianças tendem a falar como os pais e se estes tem problemas com a voz (fanhosa, rasgada, forte, estridente etc), certamente seus filhos também os imitarão; Cita o caso de alguns pais ou professores que irresponsavelmente têm rotulado crianças de desafinadas ou inaptas para o canto, bloqueando-as para o resto de suas vidas.
Mostra também a possível extensão vocal das crianças, principalmente na faixa dos quatro aos onze anos e sugere que deve ser cultivado nelas uma voz leve, clara, distensionada e parecida com a voz de um bebê.
Daí até a página cinqüenta e quatro, Ream trata das modificações naturais que a voz sofre, destacando o que ele denomina como “quebra”, que ocorre na primeira parte da adolescência, e os sinais que a acompanham, tanto em meninos como em meninas. As reações a essa mudança natural da voz são exemplificadas por Ream, no capítulo “Regime do Silêncio”.
Seu discurso segue com um importante tema que é o da preparação do educador(a) musical, elencando qualidades e sugerindo exercícios para o aprimoramento do(a) mesmo(a). Trata também da forma de condução do ensaio de grupos infantis e dos gestos mais apropriados para a regência e também da importância do canto em conjunto com acompanhamento apropriado, que ele faz questão de minunciar.
A partir da página sessenta e oito, ele começa a tratar da classificação e preparação das vozes num conjunto infantil, iniciando pela separação por faixa etária, exercícios de respiração, alongamento e postura. Depois a descoberta de “um novo tom”, fazendo-as desenvolverem o som na “máscara” facial e em “falsete”. O autor sugere uma série de exercícios a serem praticados sempre de forma suave, onde as crianças poderão desenvolver a sonoridade, a dicção e até mesmo a emoção ao cantar.
Ream sugere que a criança comece a ser musicalizada nesse período que vai dos quatro ao onze anos e dá vários conselhos para um ensaio proveitoso, começando com a pontualidade, a não-insistência na apresentação de novas músicas, estimula o uso de palmas e exercícios de rítimo e cita um conjunto de atividades organizacionais para um melhor rendimento dos ensaios e aprendizado e apresentação das crianças.
Termina o livro com um arrazoado sobre a extração das amígdalas, prática com a qual não concorda, e sobre o cuidado com os pólipos nasais (adenóides), que podem prejudicar a formação sonora da criança.
REAM, Alberto W.. A VOZ INFANTIL, Um estudo sobre, para pais e professores, São Paulo: Imprensa Metodista, 1973
Albert W. Ream foi missionário metodista, fundador da Escola de Música Sacra do Colégio Bennett e foi também ministro de música na Union Church (RJ), professor, escritor, compositor, autor de várias obras relacionadas à música na Igreja.
Acerca de seu trabalho, um artigo de Ruy Wanderley descreve: “In 1953 and 1954 Albert Ream was asked to organize a choir of the English Speaking Group, to prepare the first part of the Oratorio “Messiah”. The rehearsals were in the Cultura Inglesa and, one year after, in the Colegio Bennett. At the present this tradition is carried on by the S.C.M. that meets in Christ Church.” (in: “One Hundred Years of Music in the Union Church of Rio de Janeiro” , by R.Wanderley, 1986)
2 comentários:
Gostaria de ter acesso a esse livro!
Onde posso conseguí-lo?
Grata
Margaret
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