segunda-feira, 31 de maio de 2010

Jovem implora para ser preso em delegacia por causa das drogas


Publicado no JC Online, 31/05/2010,
Reportagem Diogo Menezes (dmenezes@jc.com.br)
Jovem de 22 anos deve R$ 1 mil a traficantes e sofreu seis tentativas de homicídio. Ontem à noite, foi até a Delegacia de Santo Amaro e pediu para ser detido. “Se ficar solto, sei que vão me matar”
O fundo do poço chegou para o jovem Wilames Vasconcelos da Silva aos 22 anos. Morador do bairro de Campo Grande, área central do Recife, e viciado em crack há um ano, já sofreu seis tentativas de homicídio. A última delas na noite de sábado. “Chegaram dois homens armados perto de onde eu moro para me matar. Consegui me esconder e não voltei mais para casa”, contou. Com a morte cada vez mais iminente, resolveu fazer o caminho inverso. Por volta das 22h de ontem, foi até a Delegacia de Plantão de Santo Amaro, também na área central da capital, e pediu ajuda ao delegado de plantão, Marcos Pereira. “Por favor, me prenda. Não posso voltar para a rua. Se ficar solto, sei que vão me matar”, implorou ao delegado.

Antes de chegar até a Delegacia de Santo Amaro, foi até a Delegacia do Espinheiro, na Zona Norte do Recife, e à da Mulher, em Santo Amaro. Ambas estavam fechadas.A história de Wilames no vício começou parecida com a de muitos jovens do Grande Recife. Ele, entretanto, quer escrever um final diferente. Repleto de felicidades e livre das drogas. Influenciado por amigos, experimentou o crack. “Eu não queria, mas insistiram muito e acabei cedendo. Foi o pior erro da minha vida”. Para alimentar o vício, começou a desviar o dinheiro que ganhava montando sons e alarmes para carros. “Nunca roubei, mas era o mesmo que roubar. Comecei a deixar de comprar as coisas para dentro de casa. Ganhava salário de R$ 1 mil, mas não dava para nada. Acabava o mês devendo mais ainda”, afirmou. “Minha esposa foi embora e levou minha filha de 2 anos junto. Levou tudo de casa. Tive que arrumar papelão para não dormir no chão. Tenho muita saudade das duas. Sei que, para ter minha família de volta, preciso primeiro recuperar minha dignidade. Sair na rua sem medo de traficantes e ter uma vida normal.

Wilames deve a vários traficantes, num valor total que chega a R$ 1 mil. O único bem que tem para pagar é a própria vida. “Preciso ser preso. Se for o caso, saio na rua e roubo alguém para ser detido. Sei que o presídio também é ruim, mas pelo menos terei algum tipo de proteção. É a única alternativa que vejo”, sentencia.

Wilames afirma já ter tentado fazer tratamento para largar as drogas. Não foi bem assistido e o consumo de crack aumentou. “Não recebi a atenção devida. Mas também sei que depende de mim. A morte já passou muito próxima. Não quero que venha de novo”.

O delegado Marcos Pereira informou não ter como prender Wilames em flagrante. “Ele não cometeu delito. Vou encaminhá-lo ao Caps (Centro de Apoio Psicossocial) para que tenha acompanhamento e proteção. Na verdade, este rapaz é uma vítima”, finaliza

Infelizmente essa é a história de muitos jovens que enveredam pelo caminho das drogas. Muitos deles são filhos de crentes, talvez até criados na igreja, mas influenciados por amizades e pela força da imagem, fraquejeram e para chegar ao fim do caminho, a primeira experiência já basta.

O Governo estadual tem se mobilizado (antes tarde do que nunca) mas a situação é gravíssima no Estado.

Tenho a dizer que para Wilames e para outros tantos em igual situação: Há esperança! Jesus Cristo, o filho de Deus pode libertá-los e se Ele os libertar, verdadeiramente sereis livres.

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