terça-feira, 4 de outubro de 2011

O (mau) gosto popular pelo lixo musical


Basta andar meia hora pelos centros comerciais dos maiores bairros ou mesmo no centro do Recife para perceber a imbecilização massiva do povo através da música. É impossível não notar que a safra de bandas e "cantores" que tomam as paradas está pra lá de podre. Pior é saber que o (des)gosto do povão, a maioria na faixa etária de 11 a 23 anos, foi aos poucos sendo moldada para consumir esses restos e boa parcela de culpa é da mídia televisiva, que traz para os programas de maior audiência os estilos musicais mais non sense que se pode imaginar, acompanhado de coreografias idem, projetando-os com estardalhaço, numa grande e descarada apelação. 

Outra fatia de culpa vem dos produtores e das gravadoras, ávidos por lucro, lançando sucessos efêmeros sem a menor preocupação com os resultados. Daí a erotização, a coisificação da mulher, a banalização do casamento, o reúdio à fidelidade e honestidade, a exaltação à embriaguez, o estímulo ao consumo de drogas, incitação à violência e outros desvios. A censura de fato era má, mas o extremo que estamos vendo é igualmente danoso.

Como exemplo é só lembrar a polêmica que envolveu uma grande "estrela" ao defender a insinuação pedófila da música do grupo Ó Back, "O Lobo Mau", que ela mesmo cantou no carnaval baiano do ano passado. Dividiu artistas da região e até provocou uma inusitada ação de uma deputada estadual da Bahia defendendo a proibição de letras de duplo sentido (longo onde... ). Se houvesse um produtor mais sensato, a música nem seria lançada.

Aliás, a decadência da MPB também passa pela Bahia, onde os poemas e as tiradas inteligentes dos antigos baianos deram lugar aos monossílabos, repetitivos e ininteligíveis frases dos novos baianos. Desculpem-me os baianos, gente boa, mas parem um pouco e percebam se isto não é verdade que alguns de vossos ilustres artistas, bandas e grupos de maior sucesso no cenário musical se resumem ao grunhido e à onomatopéia.

Indo mais longe, não deixo de culpar a péssima formação cultural e educacional das escolas de hoje. Isso faz com que a compreensão seja limitada (e o vocabulário mais ainda), daí a invasão de "composições" mais diretas, com jargões, gírias, erros gramaticais e linguajar abaixo do popularesco.

Nada contra o fato de ser produzido na periferia, afinal, grandes nomes da nossa música popular foram de origem humilde, mas o que produziram foi boa e inteligente arte e não o que se vê hoje.

E a lista de possíveis cooperadores do caos é crescente e não se exaure num post. Há ainda o mais importante: a degradação do ser humano pelo pecado, que corroi, destroi mesmo qualquer resquício de sensatez e moralidade. O diabo manipula os homens, torna-os insanos, derruba-os da condição de coroa da criação para abaixo do limiar das criaturas irracionais. Como o coração e a mente estão sempre ocupados pelo pecado, inevitavelmente o que se compõe, estará sempre muito (ou totalmente) contaminado pelo diabo.

Rítimos, danças e trejeitos musicais, tem se tornado perigosas armas, especialmente aqui no NE, onde os limites do bom senso já estão sem porteira há muito tempo e os impropéritos e desvarios tornam algumas dessas "obras", verdadeiras pornofonias comerciais. As insinuações são coisas do tempo da vovó. A depravação moral dos autores dos "textos" de alguns desses hits são explícitos e até detalham e estimulam abusos, desvios comportamentais e crimes, dentre os quais, a pedofilia como já citei.

O simples fato de serem executadas em emissoras - a maioria formada de rádios comunitárias - e em alto volume nos bares, ônibus, porta-malas de carros e carrocinhas de cds piratas já é um grande atentado à dignidade e à ordem pública (ainda existe esse termo?) além de agressão à grande parte da população que sofre o martírio de ser atacada auditivamente por essas porcarias.

Outro problema é classificar tais peças como música. Às vezes faltam até os elementos básicos (lembram-se de melodia, harmonia e ritimo?), restando uma batida feiosa, com instumental horrível e mal executado, tendo ao fundo vozes subtonadas, semitonadas, desafinadas e todos os termos que puderem ser usados para classificar cacofonias.

Não vou citar algumas dessas "pérolas", até porque os títulos são chulos; apesar de me sentir incomodado ao ouvi-las, não as catalogarei. No Brasil há o direito de livre expressão para todos os que quiserem esculhambação e ameaça de censura e mordaça para quem ousar protestar pelo bom direito da ordem e decência. O estimado leitor poderá saber mais sobre letras, grupos e até sobre o movimento que critica essa onda de desfavor musical, utilizando o Google como grande ajuda.

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